Governo, filantropia e negócios

André Tamura
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Uma nova contextualização de inovação social está emergindo

Fonte: philanthropy.org.au
O Governo Nacional da Austrália (Commonwealth Government) gasta atualmente $154 bilhões por ano em serviços sociais. Esse valor deve aumentar para $227 bilhões durante a próxima década. Isso representa um aumento extraordinário em um momento de déficits orçamentários. A filantropia, de maneira geral, estima contribuir com $11 bilhões por ano para resolver questões sociais.
É claro que oito em cada dez pagadores de impostos vão trabalhar todos os dias para garantir que os fundos de serviços sociais do Governo cheguem a quem realmente precisa, mas é preciso uma nova abordagem. A solução para desafios sociais deve incluir os envolvidos atuais: Governo e filantropia. Mas além disso, há um papel para o mundo dos negócios. Isto é inovação social.
Essa abordagem tripartite foi o foco das discussões no evento “Filantropia encontra o Parlamento”, organizado na Austrália e sediado em Canberra. Essa foi a primeira vez em que ocorreu um Fórum com essa temática.
Scott Morrison, o Ministro de Serviços Sociais, foi a presença política mais destacada. Na área da filantropia, uma gama de filantropos reconhecidos tais como Vincent Fairfax Family Foundation, Craig Winkler, e empresas tais como a AMP Foundation. Aproximadamente 200 organizações estavam representadas.
A mais nova ferramenta promissora dessa abordagem tripartite foi o “Vínculo de Impacto Social” (Social Impact Bond). Isso faz com que as organizações tragam juntas soluções para problemas sociais com investidores privados. Se obter sucesso, o governo paga a cada investidor o seu capital e juros, da própria poupança estatal. Há variações do esquema. As questões abordadas foram moradia, reincidência e desemprego.
A “Good Start” pode ser utilizada como exemplo, uma organização que foi resgatada e agora fornece centenas de centro de educação infantil. O governo pagou aos seus investidores cerca de 12% de retorno.
Segundo o Ministro Morrinson:

“A “Benevolent Society” (organização filantrópica) está em uma parceria com o “Westpac” (banco de investimentos australiano) e o “Commonwealth Bank” (banco do governo) para fortalecer as famílias e reduzir as suas necessidades de assistência social. A “Social Ventures Australia” levantou $7 milhões dos investidores para expandir o programa “New Parent and Infant Network“, conhecido como Newpin. Isso resultou no financiamento de quatro novos centros Newpin.
Os primeiros resultados foram encorajadores, com 66 crianças voltando de centros de adoção para suas famílias. Outras 35 crianças foram mantidas com cuidados completos. Com resultados acima da média, os investidores receberam de retorno 8.9%, o que é ótimo para o primeiro ano de vínculo.
O programa será expandido com a poupança do governo em cerca de $80 milhões. Podemos concordar que esse retorno é muito atrativo para os investimentos. Mas o verdadeiro sucesso desse programa não pode ser medido em dólares”.

Joseph Skrzynski, um filantropista membro do Conselho de Filantropia Australiano, e melhor conhecido no mundo dos negócios como o fundador da “CHAMP Private Equity”, viu a oportunidade de um fundo colaborativo – envolvendo governo e fundos filantrópicos. Mesmo com o Governo Nacional da Australia botando uma fração de 1% no aumento do orçamento para serviços sociais, através dessa abordagem colaborativa pode haver $300 milhões para investimentos juntamente com a filantropia.
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A abordagem discutida não é apenas sobre trazer mais fundos de negócios e investidores para a mesa, mas mudar o modo que o governo e filantropia dão e usam os conceitos comerciais e métricas de melhoria de resultados em assuntos sociais. O futuro não pode ser sobre dar mais, mas também precisa ser sobre dar soluções inteligentes para mudanças sistemáticas em alguns problemas sociais na Austrália e em todo mundo.
Fonte: philanthropy.org.au
Fotos: Destin Sparks

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

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