"Eu só trabalho aqui"

Guilherme Rocha
Posted on

Escolher uma bengala é o caminho para a infelicidade no trabalho.

Trabalhar com comunicação pública oferece diversas bengalas para quem quer se esquivar das obrigações e do compromisso com a sociedade. As tentações para manter-se apoiado (escondido) nas dificuldades do trabalho na área pública são grandes. Fuja ou escolha uma bengala e seja INfeliz.

Busque seu objetivo e faça seu melhor

Ao me dedicar aos estudos para integrar a Administração Pública, confesso que não tinha a noção exata do órgão onde eu gostaria de trabalhar, mas uma certeza eu sempre tive: não queria engrossar o caldo negativo da imagem dos servidores públicos. “Seja útil” era o conselho do meu pai que eu tinha, e tenho, em mente.
Apesar de ter tido experiências anteriores na iniciativa privada, não acredito que isto tenha sido primordial para não me acomodar após ter sido aprovado na rigorosa seleção do concurso público. É uma questão de postura.
Desde o início, encarei o ingresso no Governo Federal como um começo, e não um fim. Como grande parte dos que começam em novas atribuições, demorou um pouco para que eu me encaixasse na equipe de comunicação, da Controladoria-Geral da União, no caso. Em dois meses, encontrei nas redes sociais o meu lugar.
Trabalhar em contato “direto” com o cidadão no Facebook e no Twitter é uma escola. Aprendi a aceitar a opinião do “hater”, assim como, a explicar pacientemente uma, duas, dezenas de vezes o mesmo assunto a qualquer pessoa que procura orientação. Afinal, ela paga o meu salário. Receber um entusiasta “obrigado!!” do internauta que não esperava uma pronta resposta pelo “face”, por eu apenas ter feito a minha obrigação, também reforça meu ânimo diário.
Além disso, as redes sociais oferecem as métricas que são um feedback natural da consequência do trabalho. Os números combatem algo que sempre me incomodou nas atividades de comunicação: o “achismo”.

Bengalas

Certa vez, um antigo chefe me disse que a motivação no trabalho era “auto-estimulável”. Na época me pareceu uma bela de uma desculpa para os problemas do setor, mas ele tinha um ponto de vista a ser considerado… Hoje entendo que: ou o empregado (seja servidor ou não) traz a responsabilidade para si e arregaça as mangas, ou pode se preparar para tratar o assunto em algumas boas sessões de terapia.
Centralização das atividades, contenção dos “incêndios”, dificuldade de inovar, falta de estrutura adequada… Quem trabalha com comunicação pública têm diversas bengalas para se sabotar, mas, no fim, a decisão sempre é individual e claro que existem ‘n’ saídas. Para mim, funcionou a velha opção de procurar o trabalho.
[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=XVlRgclsUoY&w=720&h=400]

Mais trabalho?

Aí eu já ouvi: “mas se eu sugerir isso, vai ficar por minha conta, eu vou ter mais trabalho!” Ué.. que bom, né? Sinal que seus superiores confiam em você para a tarefa e, convenhamos, você está à toa.
Foi de sugestão em sugestão que eu assumi os perfis da CGU com menos de 4 mil fãs/seguidores e chegamos (a equipe de apenas 3 pessoas) aos atuais mais de 196 mil. Quando minha chefe pediu para que eu fosse o responsável pelas redes do órgão, há 3 anos, não havia manual, nem caminho a ser seguido. Eu tive que trilhar. E tem valido muito a pena.

7 thoughts on “"Eu só trabalho aqui"

  1. Bom texto, parabéns! É bem provável que no futuro você tenha que voltar a esse texto para conseguir renovar as forças e continuar caminhando, por isso, guarde-o com carinho.
    Abraço e bom trabalho.

  2. Guilherme, parabéns pelo texto. Acredito que quando a gente faz o que a gente gosta, as nosso dia passa à ser mais produtivo e com certeza o seu dia vai render mais.

    1. Mto obrigado, Ruggero! Realmente trabalhar com o que gosta é essencial. Mas acredito sobretudo que devemos correr atrás e tornar o nosso trabalho prazeroso: este é o desafio. Abs!

  3. Que coisa linda! Amo ler textos de inspirações para o trabalho, pois procuro me dedicar sempre e dar o melhor naquilo que faço. A cada novo texto, um novo aprendizado, uma nova reflexão e inspiração. Tudo isso me fortalece e funciona como guia para aplicação prática. Sou a favor de um mundo com mais pessoas com vontade de trabalhar, mais amor e menos inveja.
    Vamos em frente! Obrigada por nos proporcionar esse breve texto, embora muito inspirador.

Deixe uma resposta