André Tamura
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Para identificação digital no Brasil

Na última quinta-feira (8/12), a Open Knowledge Brasil lançou o “Manifesto para Identificação Digital no Brasil”.

O objetivo do Manifesto é que sociedade se posicione em relação à privacidade e segurança de dados pessoais dos cidadãos, para tornar algo de tamanha importância – identificação digital – uma iniciativa transparente, segura, que não agrida liberdades.”
Thiago Rondon , conselheiro da Open Knowledge Brasil.

O Manifesto para identificação digital no Brasil é uma carta de princípios que visa assegurar que as iniciativas implementem tecnologias digitais na identificação do cidadão no Brasil e possam assegurar os direitos básicos à privacidade e liberdade de expressão, além de ter, como norte, a segurança e o direito à propriedade dos próprios dados, ainda que estes estejam armazenados em servidores de terceiros.

É importante destacar que o Manifesto é um documento vivo. Abrimos um processo de consulta e aprimoramento dele no Github.”
Ariel Kogan , diretor-executivo da OKBR.

A OKBR vai buscar que autoridades responsáveis pela iniciativa dentro do governo se comprometam com os princípios do Manifesto, que será entregue para as autoridades do TSE, Ministério do Planejamento e Ministério da Transparência do Governo Federal.

Participe

Para receber novidades sobre o Manifesto, preencha o formulário. Confira a versão atual do Manifesto.
E contribua com o processo de criação: no Telegram ou no GitHub. Abaixo, segue a primeira versão do Manifesto para identificação digital no Brasil .

Manifesto para Identificação Digital no Brasil

A identificação civil no Brasil está sendo debatida e redesenhada com o debate em torno do ICN – a Identidade Civil Nacional. Paralelamente, surgem iniciativas para organizar e sistematizar modelos para a identificação digital do cidadão brasileiro – e o perfil que ela assumirá será fator determinante para a isonomia, garantia de direitos e inclusão digital no país.
Entendemos que a sociedade é parte fundamental nesta discussão e, portanto, lançamos o “Manifesto para a proteção da identificação digital no Brasil”. Este manifesto é um convite para que cidadãos, organizações da sociedade civil e empresas subscrevam estes princípios, orientando o uso de tecnologias para identificação digital na sociedade brasileira.
Tratar de identificação digital também é falar de cidadania, segurança e privacidade do cidadão. Sistemas de identificação digital devem garantir que os cidadãos tenham controle e confiança sobre como as suas informações serão utilizadas em um sistema de identificação, que deve ser construído privilegiando a transparência e controle do cidadão sobre seus dados e reprimindo qualquer utilização abusiva ou vazamento indevido destes.

Princípios da identificação Digital no Brasil

Os princípios que devem ser considerados na implementação da identificação digital no Brasil são:


TRANSPARÊNCIA

O cidadão deve ter acesso a todos os seus dados pessoais constantes no sistema de identificação, assim como saber quem teve acesso a estes e para qual finalidade, de maneira facilitada, clara e sem custos.


LEGITIMIDADE

Os dados pessoais só podem ser utilizados com o consentimento do cidadão ou quando for autorizado por dispositivo legal ou regulamentar.


CONTROLE

O cidadão detém o poder sobre os seus dados e deve poder gerenciar seus dados pessoais, incluíndo atualizá-los, removê-los ou compartilhar, de acordo com sua livre vontade, bem como obter, a qualquer momento, cópia de seus dados e da utilização que deles foi feita


MINIMIZAÇÃO

Os dados pessoais só devem ser coletados na medida necessária para a realização de uma determinada finalidade, não podendo ser excessivos.


PADRÕES ABERTOS

Os padrões utilizados para a infraestrutura de dados devem ser documentados e divulgados publicamente, afim de garantir a confiabilidade da arquitetura utilizada.


INTEROPERABILIDADE

Os dados em um sistema de identificação devem ser padronizados de modo a poderem ser indistintamente utilizados pelos setores privado e o público, incorporando a portabilidade destas informações nas respectivas culturas organizacionais.


UNICIDADE

Deve-se evitar duplicidade no armazenamento de dados de cidadãos pelo setor público, através de medidas como a utilizacão de padrões e a definição de responsabilidades sobre categorias de dados, evitando desperdício, redundâncias e principalmente permitindo o controle efetivo pelo cidadão sobre seus dados.


SEGURANÇA

Os dados pessoais devem ser mantidos em ambiente seguro e todos aqueles que dispuserem de acesso ao sistema de identificação deverão observar estes princípios e ter suas políticas e práticas de segurança e proteção de dados divulgadas publicamente certificadas por autoridade competente.


FATOR MÚLTIPLO

Deve ser oferecidor acesso de forma simples e facilitado para diferentes fatores de autenticação, que possam ser realizados por provedores de identidade distintos.


OPCIONAL

A identificação digital deve ser opcional.


INTEGRAÇÃO

A identidade digital pode ser integrada aos demais registros


PORTABILIDADE

As aplicações e os serviços devem possibilitar que o cidadão carregue consigo os seus próprios dados pessoais, em dispositivo ou meio de armazenamento pessoal, podendo os mesmos serem verificados e assinados digitalmente por uma autoridade competente e essa certificação ser utilizada quando do uso da aplicação ou da prestação de serviço, quando for necessário, com a permissão de seu titular.
Os bancos de dados pessoais podem existir apenas nas situações onde a natureza da aplicação ou da prestação do serviço for tal que seja tecnicamente impossível de operar sem o acesso em lote a múltiplos registros de dados pessoais, desde que a sua coleta e o seu uso sejam consentidos pelo cidadão.
Os princípios descritos neste Manifesto são fundamentais para uma identificação digital universal, transparente, segura e que promova a cidadania, garanta a privacidade, combata fraudes, seja facilmente compreensível, promova a inclusão em serviços públicos e privilegie a autonomia do cidadão quanto às decisões sobre o uso dos seus próprios dados.
Esperamos que o governo federal se comprometa e garanta os princípios aqui descritos, para garantir à sociedade brasileira o direito à privacidade e liberdade com o objetivo da consolidação de uma sociedade com inclusão digital transparente e escalável.



Publicado pela Open Knowledge Brasil.

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

Naiara Czarnobai
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O que a comunicação de dados entre o Whatsapp e o Facebook e a Lei de segurança cibernética na China nos alertam?

Recentemente a China criou uma lei de cibersegurança com a finalidade de evitar ameaças com a pirataria e o terrorismo, mas a medida alertou empresas internacionais e grupos de direitos humanos. Isso porque a norma, que entrará em vigor em junho de 2017, exige que os dados sejam armazenados em servidores daquele país, inclusive, dispõe de critérios duvidosos para revisões de segurança.
Trata-se de uma manobra legal que também acaba atingindo os usuários chineses que já estão sujeitos ao mais sofisticado mecanismo de censura online. A justificativa dos governantes é de que o desenvolvimento nacional do país depende do uso adequado e seguro da rede.
Com a referida lei, os operadores de infraestrutura de informações críticas deverão armazenar informações pessoais e dados de negócios importantes na China, além de fornecer um suporte técnico para agências de segurança, e serem submetidos a revisões de segurança nacionais.
As medidas que o governo alega ter intuito protetivo, podem dar brechas para que empresas que atuam na China sejam obrigadas a conceder informações sensíveis de seus produtos e serviços para poder ter acesso ao uso da internet, colocando em risco os direitos de propriedade intelectual.
Longe de ser um protecionismo comercial, a liberdade de negociação naquele território soberano pode sofrer restrições com a vigência da lei de cibersegurança, embora muitas das práticas descritas nesta norma já sejam aplicadas rotineiramente sem uma codificação específica.

Segurança Nacional

A superpotência alega que a segurança nacional está em risco com o uso ilimitado da rede, sobretudo em se considerando a espionagem e a ação criminosa no cenário econômico e inclusive com prejuízos às defesas militares. A medida é extremamente restritiva, e não há como haver interferências de outros países para tentar coibir a adoção tão rigorosa desse sistema de proteção no ciberespaço.
Em contrapartida ao excesso de preocupação da China em relação ao uso seguro da internet por seus nacionais e às interferências de outros usuários, o Brasil tem engatinhado para garantir a segurança dos internautas brasileiros.
Desde 25 de agosto último está valendo uma alteração realizada pelo Whatsapp em seus termos de uso, segundo a qual o aplicativo realiza troca de dados dos usuários com o Facebook , supostamente para garantir ofertas de publicidade e de mídia digital. Alertei sobre esta prática em recentes palestras sobre direito eletrônico, e para minha surpresa a maioria dos presentes nunca tinha realizado a leitura dos termos de consentimento de quaisquer dos aplicativos usados nos dispositivos móveis.
No momento do cadastramento na rede social de comunicação por mensagens, o interessado é questionado se concorda com todas as imposições apresentadas pelo gerenciador do aplicativo, como em conceder uma licença global para as empresas do grupo Facebook acessarem as informações para fins de acompanhamento do uso e de ofertas de publicidade. Além disso, há uma cláusula específica em que também há autorização para que esses mesmos dados sejam transferidos a terceiras empresas sem qualquer ressalva. Se não concordar, não há outra alternativa ao usuário senão ficar fora da rede.
Outro ponto bem relevante é que, ao aceitar os termos de uso e consentimento, o interessado afirma ter ciência de que falhas se segurança podem ocorrer, e o acesso à rede social isenta qualquer funcionário do Facebook ou do Whatsapp , inclusive membros da direção e acionistas, de qualquer responsabilidade por danos ou prejuízos causados a partir desses incidentes.
Em razão de toda a fragilidade dos termos impostos aos usuários e da coleta irrestrita de informações, a Alemanha já havia conseguido impedir essa comunicação entre os aplicativos desde 27 de setembro, e, nesta semana, o órgão regulador do Reino Unido (Information Commissioner’s Office) fez um acordo com o Facebook a fim de suspender o processamento desses dados.

A segurança cibernética no Brasil

No Brasil, passados mais de dois meses da modificação dos termos de uso do Whatsapp , medida semelhante está sendo intentada pelo Instituto de Defesa do Consumidor por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (SENACON), e ainda não temos resultados positivos, mas espera-se que a postura seja revista no país também.
Enquanto a China exerce um controle absoluto sobre o uso da internet em seu território, o Brasil ainda não tomou consciência da importância da adoção de medidas preventivas para impedir falhas de segurança na utilização da rede mundial de computadores.

Marco Civil da Internet

O Marco Civil da Internet, publicado décadas após o serviço ter sido disponibilizado em terras tupiniquins, ainda é um frágil instrumento legal para coibir condutas prejudiciais aos usuários brasileiros, sobretudo porque não concede aos magistrados e aos órgãos de fiscalização ferramentas adequadas para evitar que a segurança seja comprometida.
Além da falta de conscientização e de educação das pessoas sobre o uso seguro da internet, percebe-se que a ausência de dispositivos legais favorece ações criminosas no ciberespaço, além de posturas contrárias aos direitos dos consumidores por parte de organizações e empresas internacionais.
A inexistência de barreiras territoriais para utilização da internet não pode servir de alavanca propulsora para posturas coniventes por parte do poder público. O interesse dos chineses na regulamentação de diversas condutas por pessoas físicas e jurídicas na internet serve-nos de exemplo para que dediquemos esforços no sentido de criar uma legislação realmente protetiva e que englobe o máximo de ações potenciais, até mesmo para colaborar na atuação dos órgãos de repressão.

Conclusão

É de se concluir que não precisamos ser tão radicais quanto os orientais no disciplinamento das hipóteses de permissão, mas já passamos do estado de alerta para a criação de comissões e grupos de trabalhos a serem constituídos com a finalidade de realizar a reestruturação do sistema protetivo legal também da internet no Brasil, especialmente porque não existe um Edward Snowden em cada esquina para relatar detalhadamente ações invasivas e violadoras das normas protetivas da intimidade e da segurança nacional.
Publicado originalmente em Emporio do Direito.
Foto: Riku Lu.

WeGov
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Unidade de Gestão Pública da Softplan investe em inovação

Estivemos no dia 12 de Novembro orientando a construção do Canvas de Modelo de Negócios no “Inova Agora Weekend”, uma das etapas do programa de inovação da Unidade de Negócios de Gestão Pública da Softplan.
O programa tem como objetivo desenvolver soluções tecnológicas inovadoras para o setor público, além de disseminar a cultura de inovação entre os colaboradores da empresa. Aproximadamente 160 ideias foram submetidas pelos colaboradores da empresa, e 30 foram selecionadas para serem desenvolvidos através de capacitações, mentorias e colaboração.
O evento aconteceu no nova sede da Softplan, um ambiente inspirador localizado no Sapiens Parque, em Florianópolis.

Aconteceu: empolgante, emocionante, inspirador! Foram 3 dias de imersão, muita criatividade, trocas de conhecimento riquíssimas… O Inova Agora deu o primeiro passo para pensar [fora da caixa] a Gestão Pública brasileira. Queremos dar os parabéns aos participantes, realizar um agradecimento mais que especial aos mentores, que embarcaram na nossa ideia, e dizer que os pitchs apresentados no encerramento do Inova Agora Weekend nos fizeram acreditar que a inovação é o caminho! Fica aqui registrado o nosso MUITO OBRIGADO! #softplan #inovaagora #inovaagorawkd
Equipe Organizadora, Softplan

Para saber mais acesse o Facebook e site da Softplan.
softplan2

Por WeGov

Somos um espaço de aprendizado para fazer acontecer a inovação no setor público.

André Tamura
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Festival Social Good tem a resposta

Nos dias 4 e 5 de novembro, durante o Festival Social Good Brasil, aconteceu o painel: Crie o futuro com modelos inovadores. A WeGov perguntou: “Para um futuro melhor, qual o papel do governo, além dos tradicionais “dar dinheiro” ou “sair da frente?”

Confira a resposta dos painelistas

[youtube=https://youtu.be/DNmuGehFbGE?t=3h49m8s&w=720&h=400]

Festival Social Good

O Festival SGB reuniu muita gente boa e comprometida com inovação por um futuro melhor. Nossos parceiros, equipe, voluntários, painelistas, facilitadores de oficinas, quem veio presencialmente, quem assistiu online e acompanhou nossa cobertura pelas redes sociais… Todos fizeram deste evento um sucesso, proporcionando na gente uma satisfação daquelas de dormir feliz e manter o brilho no olho até agora. Sabem como é? Esperamos que muitas sementinhas também tenham sido plantadas por aí.”
Equipe Social Good

Por André Tamura

Pai e Marido. Fundador e Diretor Executivo da WeGov. Empreendedor entusiasta da inovação no setor público e das transformações sociais. Estudou Administração de Empresas e Ciências Econômicas. Desde que trabalhou como operário de fábrica no Japão, tem evitado as “linhas de produção”, de produtos, de serviços e de pessoas. Em 2017, foi condecorado com a Medalha do Pacificador do Exército Brasileiro.

WeGov
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Como incorporá-la nos Governos burocráticos

Governos – essas organizações burocráticas, ineficientes, que todos conhecemos – estão cada vez mais querendo se reinventar e reinventar seu modo de trabalhar. As startups nos governos podem ser uma grande fonte de inspiração para isso. Os Governos podem se adaptar a uma mentalidade de startup tanto internamente, por meio do “intraempreendedorismo”, quanto externamente, ao negociar melhor com essas empresas.

Inovação de dentro do setor público

No passado, pregava-se que “os governos deveriam operar mais como o setor privado”, mas buscar inspiração em startups é diferente dessa noção banal. O velho discurso comparava tipicamente grandes instituições do setor público a grandes instituições do setor privado. Aumentar eficiência operacional costumava ser a conclusão principal, mas isso não é o que irá fomentar inovação. Por essa razão, há um número crescente de organizações – tanto públicas quanto privadas – buscando os intraempreendendores para se tornarem verdadeiramente inovadoras.

Intraempreendedorismo público é o ato de se comportar como um empreendedor dentro de um governo em um processo de risco assertivo.”

Existem três princípios chave que precisam ser mantidos em mente ao se fomentar inovação no setor público:
Errar mais rápido
Projetar processos de trabalho que aumentem a velocidade de execução e evitem a “fita vermelha”. Governos são caracterizados por regimes regulatórios pesados e sua resistência à mudança. Startups, por outro lado, são guiadas pelo jeito “enxuto” de trabalhar. A Startup Enxuta prega três passos que foca na iteração: construir produtos e serviços, medir a performance e aprender com isso. O Serviço Digital do Governo Britânico é um ótimo exemplo de uma organização governamental que implementou um modelo ágil de trabalho.
Colaborar mais
Criar competições e desafios que procurem atingir objetivos ousados. Ao redor do mundo, hackathons tem sido organizados para inovar a maneira que os governos estão trabalhando. A cidade de Ghent, na Bélgica, criou o desafio “Apps4Ghent” para desenvolver aplicativos que melhorem a qualidade de vida em Ghent.
Misturar os interesses
Co-criar valor com cidadãos ao buscar ideias deles. A cidade de Ostend, por exemplo, tem uma plataforma do CitizenLab para escutar as ideias e sonhos de seus habitantes. Baseado no insumo dado pelos cidadãos, os projetos da cidade são criados e priorizados. Dessa maneira, a entropia é convidada para dentro do governo ao invés de ser mantida a distância.

Startups nos Governos: Além do eGov

Atualmente, é comum associar inovação à digitalização da organização. Nós vimos muitas nações criando “agendas digitais” para manterem-se atualizadas com a tendência do governo eletrônico (eGov), e com as necessidades dos cidadãos.
Com o objetivo de aumentar eficiência, alguns governos percebem que eles precisam corrigir contratos e receber startups. A Agenda Digital Belga, por exemplo, quer dar suporte à inovação dando chance a startups em contratos governamentais.
Aqui estão algumas dicas sobre como abrir contratos públicos para startups participarem dos governos (mais especificamente, no caso Europeu):
Explicitar o contrato
Publique um guia claro de contratos públicos. Isso irá fornecer a empreendedores a mesma informação que apenas fornecedores estabelecidos já tiveram. Não apenas o próprio procedimento, mas os requisitos de participação não são amigáveis para startups. A cidade de Los Angeles divulgou um documento online que guia as startups para o processo contratual.
Hackear o sistema
Procure por “hacks” do contrato dentro do governo. Como mencionado anteriormente, a “fita vermelha” pode muitas vezes ser o assassino da inovação dentro dos governos. Essa é a razão pela qual todos os servidores públicos deveriam ter bom conhecimento de regulações de contratos públicos. Com esse conhecimento, eles podem então olhar por outras soluções que poderiam ajudar a acelerar os processos de contrato. O departamento de educação da cidade de Nova Iorque mapeou visualmente todo o processo do contrato e ganhou insights sobre como “hackear” o regime regulatório.
Um novo mercado
Crie programas para comprar de startups. Organizações governamentais frequentemente não tem disponíveis as habilidades necessárias para desenvolver internamente soluções tecnológicas, além de ter orçamentos limitados. Essa é a razão pela qual comprar SaaS (Software as a Service) de startups pode ser uma boa solução. A cidade de Antuérpia percebeu isso e começou o programa ACPaaS. Esse programa divide os desafios técnicos em blocos e convida startups a aplicarem para eles.

O Estado Empreendendor e Inovador

Na incrível velocidade de inovação atual, instituições públicas não podem simplesmente arcar com a possibilidade de ficar para trás, e muito menos com a responsabilidade de permitir que nada de melhkor aconteça. Por isso, uma mudança cultural é necessária para ajudá-los a sair da burocracia extrema para um modo de trabalho mais ágil e enxuto.
Recentemente um programa de fomento à inovação, que só é possivel, graças a participação do Governo, recebeu o prêmio de Melhor Aceleradora de Startups do Brasil. O Concurso de Inovação, promovido pela Enap, tem apontado cada vez mais para verdadeiras inovações no governo, muitas delas sendo criadas a partir da mentalidade de startups.
Felizmente, há muitos ótimos exemplos que acabam com o mito do estado pesado e estático – como os exemplos dados neste artigo, e outros. Se você tem outras iniciativas governamentais que ajudam a fomentar a inovação, fale sobre ela nos comentários. 😉
A WeGov escreve quinzenalmente para o Politize! sobre casos de inovação no setor público. Acompanhe!
Este texto foi escrito por Aline Muylaert para o site CitizenLab, e traduzido e adaptado pela WeGov.

Por WeGov

Somos um espaço de aprendizado para fazer acontecer a inovação no setor público.

Fábio França
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Refletindo sobre a comunicação interna

Uma edição do jornal The New York Times tem mais informações do que uma pessoa recebia ao longo de toda a vida no século 17. Mais de 1.000 novos títulos de livros são editados por dia em todo o mundo. Existem mais de 3 bilhões de páginas disponíveis na Internet. Com o avanço da computação, especialistas calculam que produzimos mais informações na última década do que nos 5 mil anos anteriores. Há pesquisas que indicam que uma pessoa em cidade grande é exposta a 10.000 mensagens por dia…

Falar é fácil

Hoje, o desafio já não é mais falar. Isso ficou fácil. O avanço da tecnologia disponibilizou ferramentas baratas (muitas vezes gratuitas) e eficientes. É como ter megafones espalhados por toda organização. A qualquer momento, podemos disparar uma mensagem e ter a certeza que ela vai ser emitida em todos os cantos do ambiente organizacional. O problema é que o barulho é ensurdecedor e ninguém consegue te ouvir!
Com esse bombardeio de informações, como conseguir um pouquinho da atenção do nosso público interno??? Essa é a pergunta de um milhão de dólares e não vamos conseguir a resposta em um pequeno artigo de blog. Mas, podemos encontrar alguns caminhos. Vamos lá?

Direto ao ponto

Primeiro, a organização deve definir o que é, de fato, relevante. Quando tudo é importante, nada é importante. Precisamos ter clareza do que deve ser comunicado e segmentar nosso público interno. Falar para cada um apenas aquilo que ele precisa ouvir. Os servidores já recebem muitos estímulos, de todos os lados. Não vamos mandar mais lixo para eles. Eles precisam saber que, quando falamos, é importante e precisam parar para ouvir. Além disso, nossa mensagem tem que ser extremamente econômica, tem que ir direto ao ponto. Ninguém tem tempo a perder!

Empatia

Parece algo muito simples e básico. Mas, nas decisões de comunicação interna do dia a dia, esquecemos de nos colocar na posição do outro. Nosso conteúdo é relevante para o segmento de público-alvo da mensagem? É comum acharmos incrível e super importante o que queremos falar. Mas, é útil para quem vai ouvir?
O formato da mensagem tem chances de ganhar a atenção daquele grupo de pessoas? Seja sincero com você mesmo, faça a sua matriz de EXPECTATIVAS x REALIDADE! Nesse momento, precisamos conhecer muito bem o nosso público interno. E, existem muitas ferramentas para isso. Sugiro a leitura do artigo “Com quem você está falando”, do Alexandre Araújo, que fala sobre a identificação das personas da instituição.

O “timing” da coisa

Qual é o timing certo para comunicar? Muitas vezes, o tempo da organização é diferente do tempo dos seus servidores. Precisamos adequar isso de alguma forma no processo de comunicação. O servidor deve ter acesso rápido à informação que precisa, na hora em que precisa.
Quer um exemplo? Queremos divulgar o lançamento de um novo sistema de solicitação de férias. A equipe que desenvolveu está super animada e quer falar sobre todas as funcionalidades da ferramenta. Mas, o usuário só vai ter interesse na informação quando for tirar férias, certo? Então, o que fazer? Podemos lançar em um período de pico de solicitações e disponibilizar um guia rápido no próprio sistema. O importante é que a informação esteja disponível no momento adequado.

Quer ser ouvido? Ouça!

Essa é uma regra básica de comunicação, ainda mais em tempos de redes sociais. As pessoas não querem só ouvir. Lá fora, elas estão acostumadas a dar opinião o tempo todo. Então, por que seria diferente dentro da organização?
Dê espaço para os servidores se manifestarem. Tenha canais de comunicação interna ascendentes e horizontais. Estimule a colaboração! É muito mais fácil as pessoas se interessarem pelos processos de trabalho em que elas podem, de alguma forma, participar. Se os servidores tiverem o sentimento do “nóis qui feiz!”, você precisará de muito menos esforço para comunicar.

Oficina Comunicação Interna

As quatro variáveis apresentadas são importantes. Mas, existem muitos outros aspectos a serem considerados. Então, se você quer aprofundar a reflexão, a WeGov fará a 1ª Oficina de Comunicação Interna para o setor público, ministrada pelo Alexandre Araújo, em Florianópolis, nos dias 1 e 2 de dezembro. Venha participar e desenvolver o plano de comunicação interna da sua instituição!

Acesse aqui para saber mais

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WeGov
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eBook exclusivo #ComunicaçãoPública

Desenvolvemos um eBook com textos exclusivos, que abordam temas como marketing político, redes sociais quebrando paradigmas nas instituições públicas e cidadania.

Clique na imagem para baixar o eBook, ler e compartilhar nas mídias sociais à vontade 😉

comunicacaodigital

Por WeGov

Somos um espaço de aprendizado para fazer acontecer a inovação no setor público.

Cléia
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Muito mais do que acessar a informação

Está na hora de irmos além da transparência na administração pública. Talvez possamos chamar de transparência aumentada. Não basta que a “caixa” do serviço público seja de vidro, para que o cidadão enxergue o que há lá dentro. É preciso que esse “vidro” permita uma visão sem distorções e que o observador disponha de “lentes” que o possibilite ver em detalhes e compreender o que está vendo. Se os portais de transparência são o “vidro” do serviço público, a imprensa pode ser uma boa “lente” , focando e ampliando o interesse público. Para isso, a interação entre jornalistas e bancos de dados de informação pública é fundamental.
Não há pesquisas quantitativas sobre o uso dos portais de transparência de órgãos públicos pela imprensa catarinense. Mas há sinais nas próprias reportagens que lemos de que eles são fontes pouco recorrentes dos jornalistas que atuam nos veículos de comunicação do estado. A dificuldade de enxergar e compreender o que é mostrado nessas “caixas de vidro” – muitas vezes bastante embaçadas -, é um fator que desestimula o uso dos portais de transparência como fontes jornalísticas. Há outros complicadores. Poucos repórteres têm habilidade para trabalhar com dados e números e, em geral, contam com tempo escasso para se dedicar às pesquisas.

Pesquisa realizada

Mas há exceções. No final do ano passado, eu e a jornalista Rosane Felthaus conversamos com cinco jornalistas que pesquisam semanalmente o Portal de Transparência do Poder Executivo de Santa Catarina: Jefferson Saavedra, (AN), Upiara Boschi (DC), Hyury Potter (DC), Fábio Bispo (ND) e Lúcio Lambranho (na época, ND, hoje Farol Reportagem). O resultado está em nosso trabalho de conclusão do MBA em Comunicação Pública e Empresarial pela Universidade de Tuiuti (PR). Os entrevistados disseram que as pesquisas dão mais credibilidade às informações, mas relataram limitações como linguagem técnica e navegação complexa em um mar profundo de dados.
A conclusão da pesquisa é de que a ferramenta é útil, mas subaproveitada como fonte jornalística. Reportagens a partir de dados do portal costumam ter espaço nobre nos jornais, segundo os próprios entrevistados, mas ainda são raras. O que é uma pena do ponto de vista de comunicação, já que a imprensa pode ser um grande intermediário entre o poder público e o cidadão. Como afirma o professor e pesquisador Jorge Duarte, jornalista e doutor em Comunicação, hoje não faltam instrumentos e informação para os cidadãos. O desafio é fazê-los descobrir a ferramenta, acessá-la e utilizá-la para “aumentar o conhecimento e capacidade de agir”.

O novo Portal da Transparência

A Fazenda de Santa Catarina, responsável pelo Portal da Transparência, está reformulando a ferramenta com a proposta de transformar os dados em informação clara e objetiva.
Até hoje (10/10/16), está aberta uma pesquisa de opinião para ajudar a desembaçar e organizar essa grande “caixa de vidro”. Contribuições de jornalistas são bem-vindas. Seja opinando sobre o portal ou focando suas lentes para os dados disponíveis. Afinal, elas são importantes não só para ampliar o que está além do vidro, mas para aperfeiçoar a própria transparência, identificando pontos opacos (onde não há acesso a informações públicas) ou turvos (onde tal informação não está clara). Vamos juntos?
Foto: Cia Gould

Marcos Giovanella
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Comunicação institucional x Marketing político

Desde ontem, logo depois da apuração das urnas na cidade de Curitiba muitas pessoas me perguntam, questionam e tentam fazer decifrar o que aconteceu com o resultado no primeiro turno.
Algumas pessoas tentam diminuir o trabalho feito em relação as redes sociais para a cidade, eu até entendo. Acredito que boa parte delas estava curiosa sobre o resultado da eleição e tentavam fazer um comparativo em relação a efetividade.

Redes sociais e eleições

Fato é que não se pode analisar apenas um fator e tentar culpa-lo pelo sucesso ou derrota nas urnas. Essa análise deve ser feita de maneira muito mais macro, considerando uma série de variáveis, do contrário teremos uma resposta rasa e pouco válida para a continuidade de trabalhos de comunicação seja em qualquer meio que se queira falar.
O que me dá orgulho no case da Prefs é que se tem muito claro uma linha de corte na comunicação pública no Brasil antes e depois da Prefs. Ter ajudado a construir isso é priceless. Se hoje estávamos esperando qualquer resultado que fosse, é porque se abriu espaço para discutir o papel de órgãos públicos nas redes sociais.
Voltando a análise, é pobre dizer que se a estratégia tivesse funcionado o atual prefeito de Curitiba teria ido ao menos para o segundo turno. Vamos aos fatos e a contextualização do cenário:

Pouco investimento em publicidade

A atual gestão da prefeitura sempre usou em seu discurso a redução do investimento em publicidade. No discurso isso é bem bonito, mas na prática não. Quem trabalha com comunicação sabe que se você quer vender mais um produto, ou precisa reposicioná-lo, ou aumentar seu share é preciso investir em comunicação. Nos últimos 25 anos essa foi a gestão que menos investiu em comunicação. Fui 2 anos diretor de internet e por 1 ano diretor de marketing, nunca concordei com essa visão, mas era o que se tinha.

Cidadão e eleitor são coisas diferentes

O atual prefeito da cidade nunca, nunca pediu para que fizéssemos qualquer menção a ele nos canais sociais. Sabemos que muitos gestores usam os canais de uma instituição em benefício próprio e não para a real finalidade que seriam o atendimento a população e a transparência. Podemos citar um sem número de órgãos que usam suas redes para fortalecer quem está atualmente no poder. Tenho orgulho de isso nunca ter acontecido enquanto eu estava na Prefs. Sempre pudemos fazer um trabalho voltado a população e não aos interesses da política.

Fora do ar

Os canais sociais da Prefs saíram do ar no final do mês de junho desse ano. Se eu ainda estivesse lá teria brigado para manter os canais funcionando. Sem os canais no ar, fica mais difícil garantir ou não a sua eficácia e eficiência no pleito.

Contexto político brasileiro

O cenário político brasileiro em geral está muito complicado, basta vermos os números de abstenção e de votos brancos e nulos. Falando especificamente de Curitiba, se somarmos essas 3 categorias temos o total de 360.348 mil votos. Ou seja, são mais pessoas se negando a tomar uma posição política do que o candidato que venceu o primeiro turno teve como total de votos.
Podemos dizer então que o “não me representa” venceu as eleições aqui em Curitiba. Se fizermos esse mesmo comparativo no cenário Brasil, veremos que isso não foi só uma realidade aqui. Vide São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

E agora?

Então culpar isso ou aquilo isoladamente não é a maneira mais inteligente de analisar a situação. Quem for inteligente, observa o cenário e vem mais preparado para as próximas eleições. Se eu fosse um partido político, olharia o cenário para poder me manter vivo nos próximos anos.
Foto: BWT Operadora de Turismo.

WeGov
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Curso aconteceu nos dias 24 e 25 de Agosto, e 26 e 27 de Setembro.

Realizamos a jornada: Gestão do Conhecimento e Inovação, com foco em Comunidades de Prática, junto com os contadores da Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina.
Foram quatro dias trabalhando novos conceitos e mostrando exemplos de transformações que estão acontecendo na sociedade, para que a Diretoria de Contabilidade Geral possa absorver, aplicar e replicar o que for mais adequado à realidade da instituição.

Módulo 1: Todos na mesma página

O módulo 1 aconteceu nos dias 24 e 25 de agosto e contou com a facilitação do Professor José Antônio Carlos (mais conhecido como Pepe), que tem extensa atuação no Governo de São Paulo e atualmente integra a equipe da Unidade de Inovação da Subsecretaria de Parcerias e Inovação da Secretaria de Governo do Estado de São Paulo.
Mais de 60 contadores e alguns representantes da Diretoria do Tesouro e da Comunicação da Secretaria da Fazenda participaram da capacitação.
O Professor Pepe apresentou aos servidores da diretoria de Contabilidade Geral, conceitos básicos sobre conhecimento, falou sobre como o conhecimento se tornou um recurso importante, e também sobre o impacto que isso está tendo na sociedade.
Pepe mostrou ainda tendências para o gestor público do Século XXI, conceitos de inovação, inovação organizacional, e o ecossistema que possibilita que a inovação aconteça, concluindo com metodologias e tecnologias para inovação no setor público.
Os contadores encerraram o primeiro módulo respodendo uma avaliação do grau de maturidade e protidão para gestão do conhecimento e inovação na Diretoria. Eles avaliaram o contexto, a cultura, e a governança de gestão do conhecimento e inovação, entre outros vetores.
A avaliação foi revista e utilizada para construção do Módulo 2.
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Módulo 2: Fazendo a rede funcionar

O módulo 2 aconteceu nos dias 26 e 27 de setembro, e foi facilitado pelo Professor Alvaro Gregorio e por André Tamura.
O objetivo do módulo 2 foi trabalhar Comunidades de Prática, e destacou o papel do compartilhamento de conhecimento como prática essencial para a inovação.
A Diretoria de Contabilidade Geral assistiu à apresentação da empresa Aquare.la – que apresentou o potencial de trabalhar com análise de Big Data para gerar informações e ações inovadoras para o governo.
Foram realizadas dinâmicas que evidenciaram a importância da inteligência coletiva, e como ela pode ser usada para fortalecer o trabalho organizacional; elencaram conhecimentos críticos para a instituição; trabalharam ferramentas para o compartilhamento desses conhecimentos, como por exemplo o Storytelling.
Os contadores foram estimulados também a pensar em como otimizar o uso da ferramenta de comunicação interna que já utilizam, chamada de RedeFAZ, para a gestão do conhecimento e a criação de Comunidades de Prática.
Durante esses dois dias, eles ainda identificaram informações e conhecimentos necessários para o trabalho diário individual, definiram os perfis dos administradores, moderadores e conteudistas das comunidades de prática, e fizeram um pitch para o lançamento da Comunidade para todos os grupos participantes da oficina.
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Quatro dias intensos de muita iluminação, transpiração e compartilhamento!

“…com muita alegria pela capacitação promovida em gestão do conhecimento. Além de trazer novos conhecimentos e instigar os contadores da fazenda para o que está rolando no mundo fora da contabilidade, a energia e o tom dado na capacitação promoveu uma sinergia na turma que até então não tinha acontecido. Saímos de lá com um desejo ainda mais forte de inovar e de fazer mais com menos, promovendo a melhoria nos serviços públicos que prestamos. Obrigada Wegov por todo apoio e dedicação à nossa capacitação e nossa parceria!!!”
Graziela Meinchein, Diretoria de Contabilidade Geral da SEF

Por WeGov

Somos um espaço de aprendizado para fazer acontecer a inovação no setor público.

Graziela Meicheim
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Superando as expectativas e exigências legais

Você conhece o Portal da Transparência do Executivo de Santa Catarina
O que você gostaria de encontrar nesse canal? O que o faria buscar informações nesse portal? Essas perguntas podem ser respondidas na pesquisa que estamos fazendo via página do Governo do Estado no Facebook . Se você acredita que o cidadão precisa participar mais dos governos para mudar a realidade que temos hoje, essa é a sua chance.
Nosso objetivo é coletar ideias e sugestões para a reformulação que estamos promovendo no portal. Para uma parcela da sociedade, a pesquisa é uma oportunidade de dizer o que espera do governo em termos de transparência. Para nós, servidores públicos responsáveis pelo portal, é uma forma de ouvir o cidadão e manter um canal que o estimule a acompanhar de perto a arrecadação e a aplicação dos recursos públicos.

Como eu avalio a transparência pública

Outro dia, perguntaram-me como eu avalio a transparência na administração pública. Como diretora de Contabilidade Geral do Estado, área que responde pelo Portal da Transparência, eu acredito que já demos grandes passos. Afinal, há menos de sete anos, sequer tínhamos um canal com dados de receitas e gastos do Estado. Mas também tenho a convicção de que o caminho está só começando.
Passado o estágio inicial de criação dos portais, nosso desafio agora é ir além do mínimo exigido pelas leis de Transparência e de Acesso à Informação. Como? Apresentando as informações de forma que o cidadão encontre e entenda o conteúdo disponibilizado.

Nosso desafio é transformar a contabilidade pública em algo palatável para a maioria das pessoas. E, ao mesmo tempo, seguir as regras impostas pelas leis. Parece simples, mas não é.

Acreditamos que só quando conseguirmos oferecer uma linguagem cidadã é que teremos de fato o que chamamos de controle social, ou seja, uma sociedade ciente das ações do seu governo. Consequentemente, também teremos uma sociedade com argumentos fundamentados em informações para criticar, sugerir ou até mesmo elogiar as decisões tomadas pela gestão pública.
Pessoalmente, eu sonho com o dia em que as discussões nas redes sociais serão pautadas por análises feitas a partir de dados, em vez opiniões. Afinal, contra dados, não há argumentos.
Artigo publicado originalmente no Jornal Diário Catarinense, em 20 de setembro de 2016.

Rafael Rebelato
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Cultura organizacional no setor público

Pássaros criados em gaiola, acreditam que voar é uma doença.”
Alejandro Jodorowsky

Me acostumei a acordar cedo para ir à escola. E então, desde que me entendo por gente, acordo às seis da manhã. Me acostumei a enfrentar um trânsito caótico todos os dias e me acostumei a ouvir no rádio que o país está ruim, que não teremos mais jeito, que o flamengo vai ser campeão (como bom flamenguista não pude resistir à piadinha).
Me acostumei a ouvir que o melhor caminho para me estabelecer na vida era passar em um concurso público. E assim me acostumei a estudar todo dia até alcançar o objetivo final. Virei servidor público e me acostumei a receber meu salário no mesmo dia de todo mês.
Mas, mais do que acostumar-me com o meu salário, acostumei-me com a instituição onde trabalho, com o ar condicionado que esfria no inverno e esquenta no verão, com o cafezinho servido em todas as reuniões (as infindáveis reuniões). Me acostumei com a conversa fiada no corredor, com os happy-hours no fim do expediente, com os bons e os não tão bons colegas.
A vida é assim, a gente se acostuma. Se acostuma a reclamar do governo. Se acostuma a falar mal da instituição. Se acostuma com a falta de recursos. Se acostuma com as piadinhas sobre como servidor público não trabalha.

[youtube=https://youtu.be/ruN_LR60ZfQ&w=720&h=400]

Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.”
Marina Colasanti

Não quero me acostumar

A gente não devia colocar os fones de ouvido toda vez que o colega ao lado fala mal da instituição e fingir que está satisfeito com as políticas adotadas pela organização. A gente não devia se esconder atrás da pilha de processos e fingir que está trabalhando. A gente não devia achar que o problema nunca é nosso.
Mas infelizmente, ou felizmente, a gente é gente (eu sei, trocadilho piegas).
Ok, Alexandre, você quase me convenceu a subir no alto do edifício e me jogar de lá com uma pilha de processos na mão. O que é que todo este blá blá blá tem a ver com comunicação. Mudança de atitude é coisa de Recursos Humanos, ou Gestão de Pessoas (só para usar a palavra da moda).

O que tudo isso tem a ver com comunicação

A resposta para essa questão é simples. T U D O. Este é exatamente um ponto de extrema intersecção entre a área de Gestão de Pessoas e a área de Comunicação das organizações: A mudança de cultura.
Não é à toa que diversas organizações subdividem a comunicação e deixam a comunicação institucional ligada à direção da Casa e a comunicação interna relegada a segundo plano na área de gestão de pessoas.
Não que a gestão de pessoas seja uma sub-área, pelo contrário, talvez seja uma das áreas mais estratégicas da organização. A grande questão é que se você está com dor de dente você não vai procurar um oftalmologista. Um profissional de RH até pode fazer comunicação interna, mas como diz o ditado, para quem tem um martelo, toda solução vira prego.

Cultura organizacional

Partindo dessas premissas, todo o blá blá blá do início deste texto tem um motivo, falar sobre mudança de cultura. E como a responsabilidade por agir em uma campanha de mudança atitudinal deve ser compartilhada com a área de gestão de pessoas e a comunicação da organização.
Apenas ações de comunicação não mudam uma cultura sedimentada por anos e anos. Ações de gestão de pessoas isoladas, também não. Nenhum super poder altera o modus operandis de seus colaboradores. Se eu fosse falar sobre mudança de cultura organizacional de forma abrangente, escreveria um livro (como existem vários no mercado) e não esgotaria o assunto.
Mas essa não é minha intenção. Minha intenção aqui – como vocês já devem ter percebido – é provocar. Colocar uma pedra debaixo do colchão de seu berço esplêndido onde você permanece deitado e bem acomodado. Fazer com que você, profissional de comunicação, pense sobre a importância de seu trabalho na colaboração do processo de mudança organizacional e mudar seu posicionamento, enxergando que podemos trabalhar de forma diferente.

A gente deveria…

A gente então deveria. Deveria parar com o complexo de Gabriela (me perdoa Gabi mas você é a exceção que confirma a regra). A gente deveria parar um pouquinho de alimentar o nosso blog e conversar com os colegas da outra unidade, sentar com a equipe de gestão de pessoas da nossa organização e traçar uma estratégia comum.
A gente deveria perceber que como todos os demais servidores fazemos parte do mesmo sistema e que temos todos algo em comum a entregar: Um melhor serviço para o cidadão.cultura

Sandro Pontes
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Uma ferramenta para gestão pública do século XXI

Até bem pouco tempo atrás, para um cidadão brasileiro, especialmente o de classe social menos favorecida, alcançar um pleito ou mesmo uma resposta do Poder Público para alguma demanda sua, era praticamente impossível.
Infelizmente o Poder Público ainda não se encontrava devidamente preparado para o diálogo com os administrados, somente com um mandamento judicial e olhe lá. Portanto, se o cidadão não tivesse como arcar com um advogado especialista poderia correr o risco de não ter um direito legítimo atendido.
Entretanto, com o advento da tecnologia da informação e comunicação as regras do jogo mudaram drasticamente. Hoje, nem mesmo uma ouvidoria ou qualquer outro meio de comunicação formal são suficientes para responder aos reclamos urgentes da população.
Ferramentas “informais” como redes sociais e ou sites de petições on-line estão mudando a cara da gestão pública no Brasil. Ainda tudo é muito recente, mas o Poder Público está sendo forçado a mudar alguns dos seus conceitos e paradigmas.

Participação social efetiva

Dois exemplos tocantes – e efetivos – são de abaixo-assinados do portal Change.org:
Num deles uma mãe necessitava de uma cirurgia cardíaca para o seu filho, no Distrito Federal e tentou de todas as formas pelas vias convencionais sem, contudo, obter sucesso. Até que, num ato de desespero recorreu a um abaixo-assinado pelo site.
Em pouco tempo ela conseguiu mais de 175.000 assinaturas e levou até o Secretário de Saúde do DF. Até que enfim se viu a força mobilizadora do canal, pois ela conseguiu a cirurgia para o seu filho e ele já se recupera da intervenção delicada.
Em depoimento, Débora lembra de um episódio curioso: no dia da cirurgia de Artur, uma médica veio falar com ela no estacionamento do hospital.
“Acredito que ela trabalhava no setor de liberação ou regularização de cirurgias”, diz a mãe do Artur, ao relembrar que a especialista quis censurá-la por ela estar “fazendo alvoroço com este abaixo-assinado”.
Naquele momento, Débora teve uma certeza – “foi aí que eu vi que o abaixo-assinado havia feito eles se mexerem”. A cirurgia do Artur ocorreu graças ao “fuzuê” causado pela petição online.”
Outro exemplo vem do Rio Grande do Sul, cidade de Novo Hamburgo, onde uma mãe pleiteava uma cirurgia de visão para o seu filho de seis anos. Em pouco tempo ela conseguiu mais de 130.000 assinaturas e alcançou o seu objetivo.
Neste caso, houve uma nota oficial da Prefeitura de Novo Hamburgo.

Novos papéis e interações

Estes dois são os exemplos mais diretos e que mostram que o gestor público, seja ele de qualquer esfera ou Poder não pode mais ignorar as diferentes ferramentas de interação que estão redesenhando o papel da cidadania e redefinindo as políticas públicas no país.
E não se engane, este é só o começo da revolução da gestão pública no Brasil. Ainda não e sabe exatamente onde vai parar, mas é alvissareiro que a tecnologia tenha permitido a criação de novas formas de interação entre gestores públicos e administrados.
O mais interessante de tudo isso, para finalizar, é que se trata de um processo “bottom up” e não “top down”, ou seja, é povo, o principal patrocinador e destinatário das políticas públicas, quem está moldando um novo formato de interlocução com os gestores públicos.
Os que não se adaptarem correm o risco de serem atropelados pelos novos tempos.
Foto: Avel Chuklanov

Lincon Shigaki
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Como construir?

O país comemora, no dia 07 de setembro, um acontecimento histórico, onde Dom Pedro I, no Grito do Ipiranga proclamou a independência do Brasil. Neste dia, profundas transformações sociais e econômicas ocorreram pelo fim do domínio português e a conquista da autonomia política.
Após a sua independência, o país passou por um regime de Monarquia Constitucional. Nesse período de Gestão Patrimonialista, era legítimo a família real se utilizar dos poderes públicos para interesses próprios.

A evolução da Gestão Pública

Tendo apresentado esse breve contexto, percebe-se uma tentativa dos governos seguintes, criarem mecanismos para conter a prática de misturar interesses públicos e privados. Nesse processo evolutivo, criou-se o que Weber chama de Gestão Burocrática, onde uma série de normas e procedimentos visam o controle e impessoalidade da gestão.

“Historicamente, a burocracia foi essencial para superarmos o patrimonialismo. Na atualidade, a Gestão Pública precisa de agilidade para acompanhar as novas transformações sociais, e por isso, requer novos modelos de gestão para garantir uma Cultura de Inovação.”

A Cultura Burocrática do setor publico

Os seres humanos são animais denominados gregários por viverem em bando para interesses coletivos. Tendemos a nos comportar como o restante do grupo, e por vezes, perdemos características individuais para incorporar comportamentos socialmente compartilhados.
O fato da Gestão Pública possuir pouca inovação, está associado com o processo histórico de formação da cultura dessas organizações. Um dos possíveis entendimentos sobre cultura é “o conjunto de comportamentos obtidos pelas crenças compartilhadas do grupo”.
Usualmente se usa a expressão “a pior pessoa define o que é aceitável”. Isso ocorre quando comportamentos inadequados são praticados e socialmente aceitos. Desta forma, por mais que esses comportamentos não correspondam aos valores individuais de alguns integrantes do grupo, eles servem para reforçar o entendimento da cultura da organização.
Alguns pensamentos marcantes do excesso de burocracia do governo, são: “não é necessário dar o melhor de si com a estabilidade dos concursados”; “essa atividade sempre foi feita assim“; e “os projetos dependem de hierarquia e não de prioridades”.

Como se constrói uma cultura?

Para Edgard Schein, a cultura é gerenciável por pessoas cientes de seu papel na manifestação de entendimentos culturais. Essa pessoa faz isso por meio da ressignificação dos pressupostos culturais em curso. Existem dois mecanismos onde a cultura é construída:
1. Na solução de problemas: em problemas rotineiros da organização, a cultura se manifesta no conjunto de procedimentos e fórmulas capazes de resolvê-los.
2. Redução da ansiedade: quando uma situação inédita aparece para a organização, cria-se a sensação de ansiedade. O conjunto de ações capazes de gerar ordem e consistência cognitiva também reforça a cultura, mesmo que a ação seja se abster do problema.
A repetição da forma com que a organização passa por esses dois mecanismos acaba por firmar premissas inconscientes. Por sua vez, essas premissas originam os valores, comportamentos e até a distribuição espacial dos ambientes de trabalho.
A mudança cultural planejada passa pela geração de “acordos psicológicos” necessários para o comprometimento com novas crenças. Schein, defende a promoção de discussões em busca de novos entendimentos culturais, que são reforçados principalmente quando o discurso está alinhado com exemplos de uma cultura pretendida.

A Cultura da Inovação e os Laboratórios de Inovação em Governo

Para superar a cultura da burocracia é necessário que funcionários e lideranças do setor público passem a inserir novos estímulos nos mecanismos de construção da cultura, como por exemplo:
Reconhecer e valorizar soluções inovadoras
Estimular e desenvolver pessoas para superarem novos desafios
Aprimorar técnicas e processos de co-criação de soluções
Uma tendência para superar desafios e acelerar a incorporação da Cultura de Inovação é a criação de Laboratórios de Inovação. Trata-se de uma estrutura multidisciplinar, que tem como objetivo estimular a criação de novas soluções por meio de um ambiente que favoreça a geração de ideias com metodologias para prototipação e colaboração.
Foto: Sgt Batista – FAB


Criação e Operação de Laboratórios de Inovação

Entre os dias 05 e 07 de outubro, a WeGov vai realizar uma oficina com o tema: Laboratórios de Inovação em Governo: criação e operação. Para saber mais, acesse nossa agenda.
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Por Lincon Shigaki

Lincon é Facilitador de Aprendizado da WeGov. Formado em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina. Trabalhou com consultoria em gestão no Movimento Empresa Júnior, onde foi Presidente da Ação Júnior e da Fejesc. Acredita que podemos viver em um país melhor, e não consegue se ver fora do processo de transformação dessa realidade.

Olavo Pereira Oliveira
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Hangout sobre eleições, inovação e setor público.

Dia 16/08 começou mais uma campanha eleitoral. Serão dois meses de muitas narrativas em torno de promessas, dívidas, passado, presente e futuro.
Por isso, reunimos três entendedores de governo, política e serviço público para debater alguns tópicos conosco.
Acreditamos que o conhecimento sobre o tema pode ajudá-lo a identificar narrativas autênticas e escolher o melhor candidato de acordo com o que você acredita, votando de forma consciente.

Hangout: Narrativas Eleitorias

Promessas vazias são cada vez mais facilmente percebidas. Eleitores querem conhecer a verdade por trás do discurso dos candidatos. Há uma linha tênue entre a história contada sobre as pessoas que participam do jogo político e a propaganda eleitoral. Quem nunca percebeu aquela aproximação às vésperas de uma eleição?
Novas maneiras de governar estão surgindo. O hangout falou sobre inovação no setor público, mandato compartilhado e outras tendências na forma de gestão.
Podemos dizer que gostamos ou não de política, que queremos envolvimento ou afastamento da vida política, mas o fato é que fazemos política todos os dias. E as ações de quem está no comando são importantes para contribuir de fato para mudanças significativas na sociedade.

Assista

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