Marcos Giovanella
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Comunicação institucional x Marketing político

Desde ontem, logo depois da apuração das urnas na cidade de Curitiba muitas pessoas me perguntam, questionam e tentam fazer decifrar o que aconteceu com o resultado no primeiro turno.
Algumas pessoas tentam diminuir o trabalho feito em relação as redes sociais para a cidade, eu até entendo. Acredito que boa parte delas estava curiosa sobre o resultado da eleição e tentavam fazer um comparativo em relação a efetividade.

Redes sociais e eleições

Fato é que não se pode analisar apenas um fator e tentar culpa-lo pelo sucesso ou derrota nas urnas. Essa análise deve ser feita de maneira muito mais macro, considerando uma série de variáveis, do contrário teremos uma resposta rasa e pouco válida para a continuidade de trabalhos de comunicação seja em qualquer meio que se queira falar.
O que me dá orgulho no case da Prefs é que se tem muito claro uma linha de corte na comunicação pública no Brasil antes e depois da Prefs. Ter ajudado a construir isso é priceless. Se hoje estávamos esperando qualquer resultado que fosse, é porque se abriu espaço para discutir o papel de órgãos públicos nas redes sociais.
Voltando a análise, é pobre dizer que se a estratégia tivesse funcionado o atual prefeito de Curitiba teria ido ao menos para o segundo turno. Vamos aos fatos e a contextualização do cenário:

Pouco investimento em publicidade

A atual gestão da prefeitura sempre usou em seu discurso a redução do investimento em publicidade. No discurso isso é bem bonito, mas na prática não. Quem trabalha com comunicação sabe que se você quer vender mais um produto, ou precisa reposicioná-lo, ou aumentar seu share é preciso investir em comunicação. Nos últimos 25 anos essa foi a gestão que menos investiu em comunicação. Fui 2 anos diretor de internet e por 1 ano diretor de marketing, nunca concordei com essa visão, mas era o que se tinha.

Cidadão e eleitor são coisas diferentes

O atual prefeito da cidade nunca, nunca pediu para que fizéssemos qualquer menção a ele nos canais sociais. Sabemos que muitos gestores usam os canais de uma instituição em benefício próprio e não para a real finalidade que seriam o atendimento a população e a transparência. Podemos citar um sem número de órgãos que usam suas redes para fortalecer quem está atualmente no poder. Tenho orgulho de isso nunca ter acontecido enquanto eu estava na Prefs. Sempre pudemos fazer um trabalho voltado a população e não aos interesses da política.

Fora do ar

Os canais sociais da Prefs saíram do ar no final do mês de junho desse ano. Se eu ainda estivesse lá teria brigado para manter os canais funcionando. Sem os canais no ar, fica mais difícil garantir ou não a sua eficácia e eficiência no pleito.

Contexto político brasileiro

O cenário político brasileiro em geral está muito complicado, basta vermos os números de abstenção e de votos brancos e nulos. Falando especificamente de Curitiba, se somarmos essas 3 categorias temos o total de 360.348 mil votos. Ou seja, são mais pessoas se negando a tomar uma posição política do que o candidato que venceu o primeiro turno teve como total de votos.
Podemos dizer então que o “não me representa” venceu as eleições aqui em Curitiba. Se fizermos esse mesmo comparativo no cenário Brasil, veremos que isso não foi só uma realidade aqui. Vide São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

E agora?

Então culpar isso ou aquilo isoladamente não é a maneira mais inteligente de analisar a situação. Quem for inteligente, observa o cenário e vem mais preparado para as próximas eleições. Se eu fosse um partido político, olharia o cenário para poder me manter vivo nos próximos anos.
Foto: BWT Operadora de Turismo.